Sal, ferrugem
compro nova na internet
compra-se coisas
comprar , vender e sorrir
tudo se compra
compre a voce mesmo
nunca se venda
quem não se vende?
Qual o valor, qual a valoração?
Nunca é a mesma coisa
Sempre é o mesmo.
Quem é você?
Blog com os trabalhos, pensamentos e loucuras de Tiago Gomes.
Sal, ferrugem
compro nova na internet
compra-se coisas
comprar , vender e sorrir
tudo se compra
compre a voce mesmo
nunca se venda
quem não se vende?
Qual o valor, qual a valoração?
Nunca é a mesma coisa
Sempre é o mesmo.
Quem é você?
E mesmo assim mais amor
verde azul e roxo
tabua de passar
passagem de onibus
cores de cores de cores de cores
odores e dores
corrida e tempo
menos tempo.
o tempo dita e faz
como se faz o tempo?
É sempre
sim
mesmo que não
a coisa toda se faz
e faz sim
e como vc sabe
como pensar
eu , vc, todo mundo.
Sempre se faz.
E eu e você? como você vai?
De caminhos e trilhas
aguados momentos de ira
aguadas formas.
Árvores, pisos, palavras.
Entre meios e caminhos inteiros.
Corredeiras de folhas, arrasta-se
apoia-se
cai.
Entre termos de dias e noites
na luz que vem e vai
essa trilha que nasce agora
nesses passos que agora vão
a vida que agora vai
vou e estou indo
palavra em termos de dias
momentos e verdades .
Não existe meio termo, existem direções
qual o sentido? Qual é o azemute?
do piso seco
do charco
da lama
do mato.
Corrediças corredeiras do caminho trilhado agora
não se vai
fica.
Fico
e vou.
Sobre o dia dela
e aquele probleminha de sempre
o dia passou nesta tela
onde está ela?
Hoje me preocupei, procurei
mas não era nada.
Quando voltei já estava em casa.
Coisas novas algo sobre
mas um dia
mais ela.
Entre passos com escuridão
Entre linhas
Entre pães
Entre mãos
Várias valias
Varia a tempo
Varia ação
Recirculos impróprios e palavras-ação.
Parte 1.
Como pensar arte sem vinculá-la a um processo poético? A prática artística remete a um processo produtivo constante e o uso de textos principalmente os de poesia tem sido uma tendência cada vez mais crescente na arte contemporânea. Pesquisar a pratica de usar o texto como elemento na arte contemporânea é desenvolver uma poesia visual textual. Vemos textos em vídeos, instalações, fotos, pinturas e cartazes. Encontramos um processo poético textual em grande parte dos elementos da arte urbana. Mover a arte ao texto e o texto a arte de forma não burocrática. Mover a realidade da pratica artística com a realidade da leitura de mundo possível de uma forma dinâmica a quem vê. Formular arte como elemento social e poético, elemento visceral na formação de uma opinião direta e usa a poesia como meio disto. Desenvolver uma prática, analisar o que já foi feito e questionar o porvir.
O elemento texto, na forma de poesia, dentro de elementos de arte contemporânea desenvolve uma relação muito própria com o mundo que a cerca. O texto pode interferir na espacialidade da obra, no seu vinculo social e na formação da interação com o espectador. Entre o ideário do processo de formação de uma poesia e a formação de uma obra de arte contemporânea pode haver um mundo. Esta pesquisa explora esse mundo. Dentre os processos criativos possíveis em uma obra de arte a formação de um texto pode ser e muitas vezes é a alma da conceitualização de uma obra. Formar idéias é gerar formatos para a existência de relações entre o mundo e a obra de arte.
Um elemento mundano e efêmero é pra mim a melhor caracterização do processo de uma obra de arte. Mundano uma vez que se pensa em local, forma, motivo todas características típicas de uma existência viva, efêmero pois a efemeridade da arte não está apenas na degradação física dos materiais mas na relação passageira que formara com seu público e a própria efemeridade do gênero humano. Usar um texto nesta pratica é apenas um elemento facilitador da compreensão do processo da obra mediante ao espectador. Poesia é musica ou palavra, anúncio ou palavrão, é todo o texto que inserido me um contexto de obra ganha em si papel integrante em sua essência formal.
Foucault ao comentar isso no livro Isto não é um cachimbo(sobre obviamente a pintura do Magritte) chega a chamar de uma “ referência lingüística” o que é de fato por usar língua, e idioma definido quase sempre, na verdade mesmo quando não usa um idioma ou língua definido acaba gerando uma relação por usar no mínimo caracteres que são possíveis de se entender como letras.
Nada mais efêmero que um evento de arte. Imaginem um poema com 150 metros de comprimento e 1,40m de largura estendido na cidade com a maior ventania do Brasil. Que sufoco!!! Literatura pesada essa!!! Em torno de 83kg de poesia colada no chão da praça Esperanto no bairro do Benfica em Fortaleza. Se não fosse pela Roberta e por nossa amiga Ruth esta intervenção não aconteceria. Mas, aconteceu e foi muito bom. Foram 6 horas para instalar o poema e mais 3 horas para retirá-lo. Chegamos às 4 da manhã na praça Esperanto e começamos a instalar o poema. Colar o poema inicialmente bem dobrado para que o vento não o levasse. Desdobrá-lo aos poucos fixando devagar.
As gravuras chegaram ao Japão e eu irei participar da Exposição Internacional de xilogravuras em Kioto. Abaixo, duas gravuras que enviei.
Isso mesmo! Vou participar da Semana de Arte Urbana do Benfica em Fortaleza entre os dia 23 a 29 de agosto. A minha intervenção se chama Poemas do Caminho. Trata-se do" poema de quem vai e do poema de quem volta" seguidas por nuvens cobrindo o caminho neste evento. A seguir está um desenho com minha idéia inicial. Eu gostaria de realizar esta interveção na ponte velha em Resende, mas provavelmente a prefeitura não irá permitir.
O-Poema-contínuo-de-quem-vai-segue-uma-vida-própria,-segue-caminho-adentro,-encara-o-tempo-e-nunca-se-afoga.O-poema-vai-com-os-passos-de-quem-passa-e-se-desfaz-nas palavras-trançadas-dos-falantes-do-caminho.Vai-ao-trabalho-ou-vai-para-casa,-vai-para-a-vida-a-voar-de-forma-verdadeira.O-poema-fala-e-as-nuvens-passam-pelo-caminho.O-Poema-fica-e-quem-lê-passa.Tudo-passa.Se-existe-uma-montanha-na-paisagem-ela-tem-uma-nova-marca-e-o-rio-que-corre-nunca-para.A-verdade-segue-viagem-e-mentira-fica-pelo-caminho.O-amor-às-vezes-vai.E-você?O-poema-de-quem-vai-fica-pelo-chão,-pelo-espaço,-pela-memória.Fica-meio-de-lado-marcando-o-movimento.Não-marca-as-palavras,-marca-o-movimento.-Passo-a-passo-seus-pés-marcam-a-viagem-e-o-caminho-por-onde-passa-também-passa-este-poema.
O-Poema-volta-e-eu-volto-com-ele.Volto-para-casa-pelo-caminho-de-sempre.O-poema-volta-e-o-dia-não-volta.Volto-para-teus-olhos-e-para-meu-mundo.Quem-volta?Este-é-o-poema-de-quem-volta-este-poema-volta-pelo-caminho-que-já-passa-da-metade.Lágrimas,-abraços-e-apertos-de-mão.Festa,-bolo,-sorrisos-no-doce-retorno.O-poema-pelo-caminho-volta-em-sua-própria-sorte.Todo-caminho-é-um-ato-de-sorte.No-caminhar-a-rua,-o-rio,-a-ponte-e-a-cidade.Tudo-faz-parte-do-caminho.Mais-importante-do-que-ir-é-poder-voltar.O-melhor-de-voltar-é-ser-bem-recebido.Quem-vai-ou-volta-por-esse-poema-sempre-será-bem-vindo.Neste-poema-tudo-volta.O-retorno-é-mais-rápido-do-que-a-partida.Os-olhos-e-as-palavras-ficam-em-sua-mente.-Um-dia,-você-também-irá.Que-neste-dia-este-poema-volte-em-sua-mente.
Construir da argila
Modelar
Fazer o processo , argila
escultura , coisa , objeto,
Fazer e falar.
Não falar.
O que a Argila faz, faz da vivência
Vai secando na mão,
Ganhando forma
Vai esquentando.
Argila se faz de lama , se faz de água, se faz de terra.
Como fazer o que se faz com o que a argila faz?
Tenho uma prensa.
Uma prensa de gravura. Da mecanica leve S.A. Feita pessoalmente pelo seu Franco Macariello e sua equipe. Toda prensa tem um nome. Na minha graduação vinham com a idéia machista de que prensa tinha que ter nome de mulher. A minha tem o mesmo nome do barco que meu avô passou grande parte da vida. Apresento Mercúrio.
Puxei muito meu avô. Nem conheci ele direito. Morreu quando eu tinha 5 anos. Todos falam que temos muito em comum. Meu avô tocava saxofone que eu também toco (meu primeiro instrumento herdei dele). Coço minhas costas nas quinas da casa. Como o dia todo.Juntando isso e a barba que fica ruiva quando cresce, sou neto do meu avô. Agora no meu atelier, fica minha prensa e tudo mais, semana que vem devo levar meu saxofone. Meu avô era um navegante da baia de Guanabara. Eu sou um navegante de poemas, imagens e pessoas. Hoje a água do tempo nos desfaz aos poucos e me aproximo de meu avô mesmo não o conhecendo pessoalmente (ou não me lembrando).O tempo me desfaz e refaz e a prensa vive de gravura e eu vivo de amor.
Minha esposa me manda lavar a louça. Resolvi blogar. Ela me deu um beijinho e me mandou párar. Bebeu meu copo d'água e fez uma piada. Amanhã dou aula de história da arte. Hoje foi xadrez. Quarta, quinta e sexta de manhã educação artística (se é que isso existe de verdade?????). Quinta e sexta a tarde, aula de desenho. Sábado atendo arteterapia para um grupo de deficientes visuais. Domingo, irei distribuir panfletos nas caixas de correios da vizinhança. Quero organizar uma exposição com trabalhos novos. Tenho muito trabalho. E ainda por cima acabei de me casar.
Tenho um espaço. Coloquei até meu nome nele. Tiago Gomes Oficina de Arte e Atelier de Arteterapia. Esse ano fiz umas reformas, pintei a calçada e instalei minha prensa de gravura lá. Fiquei pensando no espaço. Preciso sempre de mais espaço. Como pensar nisso.Preciso expor numa cidade grande. Repensar os meus trabalhos. Do pequeno para o grande seria o natural. Mas, pelo visto do grande para o pequeno é que fica mais fácil. Fica mais fácil?
Percloreto de ferro consegue.
Nas palavras do mundo e no mundo das palavras.
Tudo é seu.
Corroer as amarras que me travam presos em mim mesmo.
Como vencer um contexto social.
De todos, como sair daqui sem fugir.
Em cada dia, cada momento corroer essas amarras.
Este terno.
Esta camisa de força.
Esta palavra velada.
Toca o ar com a lingua, morder o som.
Calar
620 segundos de puro nada.
Acordar para trabalhar.
Acordar para o nada.
Se a verdade existe ela existe lá.
Acordei com fome .
Me enchi de mim mesmo e de tanto engolir, engordei.
Preciso párar de guardar, párar de engolir.
Deste terno terno azul que me veste a realidade não quero a amarra.
Quero que a camisa que me parte se parta.
Como sentir isso????
Como me livrar???
Se a verdade existe, por que existe verdade?
Como a imagem escorre e o dia passa.
O dia corre.
Eu corro.
Fica-se a imagem mal ficada.
Fica a hora que passou.
O pão quente da mulher. O bromato.
Do nada ao nada o alarme tocou.
De novo.
Ir trabalhar.
Pensar em poesia sem ser artista é estranho. Queria trabalhar com poesia plena, poesia visual, auditiva, tátil. Acabei arrumando emprego de professor. Adoro dar aulas, mas não sou só professor. Ninguém é uma coisa só. Arte no interior é tão complicado quanto em qualquer lugar. Pior é não ter grana para fazer mais coisas. Vou ter que assumir que sou artista, me arriscar mais ou sumir disso e morrer numa sala de aula ou em outro concurso que eu passar. Queria ser poeta, não funcionário público. Estou indo para o caminho oposto. Nunca tinha pensado na função pública do poeta. Triste é fazer poesia sem texto, usando imagens, sons e objetos e sendo chamado de artista plástico. Se eu estivesse na França, onde esse título nasceu tudo bem.Aqui isso não existe. Se existe nunca vi.
abraços